segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Minha velhinha, que coisa linda... Yansã minha



Ufa, tenho corrido muito, muito, muitíssimo, mas sei que algo muito bom me aguarda no dia 27/11, quando irei a Recife assistir ao show Festa, Amor e Devoção, o mais novo da minha diva. Faz pouco mais de um ano que eu assisti, nesse mesmo teatro, ao seu encontro ímpar com D. Omara, que show lindo... agora, enquanto posto, ouço Tua, que cd apaixonado, um verdadeiro presente de d. Maria para todos nós, seus seguidores, mas para mim, o bom mesmo é Feita na Bahia, música que parece que foi feita por encomenda... é isso. Ouvindo e aguardando feito louco para vê-la e agora bem acompanhado... dona da casa me dá lisença, me dá seu salão para vadiar....

domingo, 8 de novembro de 2009

O banho de chuva


A todos aqueles que fazem o que sentem vontade na hora que sentem

Passava das quatro da tarde e eu ia ao encontro de um amigo no shopping. Estava atrasado alguns minutos e resolvi pedir carona a um padre amigo que acabara de rezar a missa das quatro. Além do atraso, a chuva não deixaria que eu chegasse ‘em ordem’ no encontro...

Como chovia!

Ao descer do carro, a chuva já tinha diminuído e não molharia mais a minha roupa, o que era bom, já que eu ia a um encontro.

Ao contornar o shopping e olhar para o chão (uma vez achei cinquenta reais na Lagoa), vi que águas corriam, saindo dos canos que vinham das biqueiras... nossa, que nostalgia eu senti... que vontade de poder ao menos molhar os pés e sentir aquilo que eu sentira quando menino despreocupado que fugia nas horas das chuvas para tomar banho nas biqueiras com outros meninos da minha idade. Lembrei que me dava prazer ter meu corpo todo molhado pela chuva. Nós, meninos da Rua Santo Antônio, ficávamos de bocas abertas para pegar os pingos da chuva; eu não tinha mais de onze anos. Deitávamos nas poças que se faziam, rolávamos no chão, nem aí para a surra que levaríamos ao chegar em casa. Que vontade me deu...

E essa vontade aumentou quando vi um cara todo molhado empurrando um carro de papelão. Possivelmente ele não estava feliz fazendo aquilo, mas eu senti uma inveja, pois como ele não ia encontrar ninguém, podia se molhar, podia caminhar entre a água que corria no canto do asfalto. Mais na frente, vi uma senhora, acompanhada, possivelmente era seu marido aquele que catava papel num carro de mão... Talvez não estivessem felizes naquela hora, mas estavam molhados...

Nessa hora, olhei para o chão, e bem na minha frente tinha uma poça de água que eu tenho certeza que estava gostosa, mas eu não tinha o que fazer, tinha um encontro, e desviei não só da poça, mas do prazer que eu sei que sentiria, pois não poderia me molhar... tinha um encontro!

Cheguei ao local do encontro, meu amigo me aguardava e eu disse: __Quando chegar em casa, lembre-me de escrever, eu preciso.

Não me lembrou, mas a experiência vivida, sim, e agora, a partir daquilo que para muitos não faz sentido, mas que para mim muito significou, me pergunto quantas vezes nós deixamos passar momentos ímpares em nossas vidas, mesmo sabendo que eles não voltarão. Quantas vezes por motivos bobos, fúteis, irrelevantes, castramo-nos, não nos permitimos sentir prazer, quantas vezes...

Ainda bem que, para eu não morrer de remorso, parou de chover!

Jerônimo Vieira, 25/04/09, 21:29

sábado, 7 de novembro de 2009

Minha Colcha de Retalhos

Esse texto eu produzi atendendo a pedidos de uma amiga, por ocasião do Giroletras 2007

Quando eu era pequeno e morava no interior, minha avó materna, vó Regina, tinha o hábito de aproveitar os retalhos que vinham da capital. Era minha tia, costureira, que mandava e nas tardes frias em Esperança, minha avó sentava-se, puxava sua grande sacola de retalhos e procurava os pedaços que melhor combinassem entre si, para a construção dos seus quadros e dali saiam colchas e almofadas que ela mandava para as suas filhas, guardava ou presenteava os vizinhos; fazia-os sempre à mão, pois não sabia usar a máquina de costura.

Confesso que na ingenuidade dos meus verdes anos, não achava interessante aquele trabalho, nem tão pouco atraente aos olhos... não sabia o que se escondia por trás daquele afazer minucioso que consumia os momentos de minha saudosa avó.

O tempo passou, mudamos de cidade e passei a vê-la com menos frequência, mas sempre percebia a preocupação de minha mãe e de minha tia, a costureira, em mandar por alguém um saco de retalhos para “d. Regina passar o tempo”, como sempre diziam. Lembro que eu, muitas vezes de férias, fui o portador dessa encomenda e ficava vendo-a sentar, e retomar aquele santo e criativo ofício.

__ Vem cá, coloca essa agulha que minha vista está cansada.

__ Menino, deixa esses retalhos aí, não suja!

E eu fazia o que ela pedia só pelo prazer de vê-la ocupada com algo que lhe fazia bem.

Cresci, minha avó se foi e na minha memória aquela imagem nunca se apagou: ainda a vejo a bordar, fuxicar, cortar, emendar, coser retalhos que resultavam em belas colchas que nos aqueciam nas frias noites de julho, em Esperança, quando íamos vê-la nas férias.

E sempre estavam lá, ao lado da cama. De todas as cores, tamanhos, combinações, estampas, cheiros e texturas; algumas com forros, outras não, mas sempre feitas à mão. Adorava dormir com elas, pois eram grandes e me aqueciam naquele frio que não me era mais familiar, pois há muito partira dali.

Hoje, mais amadurecido pelas vivências, percebo a arte que estava por trás daquele labor. Vejo que aquele trabalho era uma narrativa, a forma que ela tinha de escrever o carinho e a preocupação que sentia por nós. Analfabeta, não conseguia escrever com lápis, e sim com aquele seu maravilhoso ofício, verdadeiro texto dos seus dias à espera da chegada dos filhos e netos.

Trazendo isso para mim, para os dias atuais, me vejo como um herdeiro da arte de fazer colchas de retalhos, mas agora não usarei apenas retalhos de panos, mas de memórias de minha vida, onde procurarei pedaços coloridos, de tecido forte, de cores firmes, para que a minha colcha nunca venha a se arrebentar; buscarei nas minhas memórias lembranças de fatos vividos, barulhos dos sorrisos, gostos dos beijos, cores dos olhos, cheiro dos amigos, letras de músicas, postais recebidos, bilhetes entregues às escondidas, fotos com amigos e aí sim, farei o que fazia a minha avó: costurarei tudo e farei a minha colcha de retalhos, para no futuro lembrar com saudades do tempo de outrora.

Um pouco de mim

Nasci em Esperança, no agreste paraibano, no ano de 1878. Para ser mais preciso, no dia 18 de março, às 10h40m, na Casa de Saúde São Francisco de Assis. Foi lá, na pequena Esperança que me criei, de onde só saí em 89, quando toda a família, por sobrevivência, migrou para João Pessoa, cidade que muito amo. Filho de Gabriel Vieira e Maria do Carmo, tenho três irmãos que muito amo, e três sobrinhos, todos dádivas de DEUS. Mandinho (Germano), Mandinha (Germanda) e Gabriela, meus irmãos, e Belízio, Bianca e a pequena Regina, pedaços de mim. Nessa foto só falta Regina, que tem menos de um ano.